Em diversos países, professores universitários brasileiros estão promovendo a língua portuguesa e a literatura brasileiras por meio do Programa Leitorado Guimarães Rosa. Realizada em parceria com o Ministério de Relações Exteriores (MRE), a ação concede bolsas de estudos em instituições de educação superior internacionais para promover a divulgação da cultura nacional, o contato dos profissionais com centros de excelência e o aumento da colaboração entre instituições.

Para Natássia D’Agostin Alano, uma das doze selecionadas do edital de 2022, a “experiência é desafiadora, pois carrego comigo a responsabilidade de representar o Brasil em solo estrangeiro”. Envolvida em diversas atividades na Universidad Nacional de Tres de Febrero (Untref), na Argentina, a bolsista entende que o projeto demanda compreender nuances culturais, além de exigir “disposição para romper as fronteiras”.

Na Untref, Natássia atua no Laboratorio de Investigación e Innovación en Política y Gestión de Lenguas, ministrando disciplinas de Língua Portuguesa, e no mestrado de Estudos Literários Latino-Americanos. Além disso, realizou o Curso de Verão sobre Música Popular Brasileira abordando gêneros como tango brasileiro, maxixe, choro, samba, entre outros, e a Mostra de Cine Democracia, Cultura e Sociedade: o Cinema Político de Zeca Brito, com obras do cineasta.

A vontade de adquirir conhecimentos em um outro país da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, como Timor Leste, e “ter uma experiência do português local de país multilíngue”, foi o que motivou Érica de Oliveira a participar, pela primeira, vez do Programa Leitorado. Leitora Guimarães Rosa na Universidade Nacional Timor Lorosa’e (Untl), em Díli, ela explica que, embora estejam muito distantes geograficamente, os dois países “têm algumas semelhanças, incluindo a cultura oral”.

Interessada em investigar as semelhanças literárias entre os dois Países, Érica criou o projeto de Literaturas e Interculturalidades, na disciplina de Literatura Brasileira, ministrada para 82 alunos da graduação. Os alunos fizeram leituras e interpretações de textos, baseados em contos da literatura indígena e afro-brasileira e de contos orais da cultura timorense, registrados por alunos de diferentes distritos daquele País, e agora estão na fase de reescrita das produções textuais. Neste semestre, Érica também trabalha na disciplina de Introdução à Linguística.

Assim como Natássia e Érica, o bolsista Lucas Alves Costa ressalta a relevância do projeto como “uma experiência incrível nos aspectos profissional e pessoal”. Leitor na Universidade Eduardo Mondlane em Maputo, Moçambique, interessou-se pela difusão e promoção da língua portuguesa, da literatura e da cultura brasileira no mundo     após realizar o Programa Doutorado-Sanduiche da CAPES.

Atualmente, suas três áreas de atividades são pesquisa, em que trabalha com publicações, eventos acadêmicos e pareceres técnicos, ensino ministrando disciplinas de Literatura Brasileira e Literatura e Outras Artes, e extensão com a promoção de cursos de aperfeiçoamento para a comunidade em geral. Nas duas últimas, tem cerca de 250 alunos estrangeiros participantes.

Sua admiração pelo programa, o faz defender mais visibilidade ao público brasileiro devido à contribuição educacional, científica e cultural do Leitorado. “Os brasileiros precisam saber que há, no exterior, professoras e professores altamente capacitados que promovem o Brasil em toda sua diversidade literária, artística e cultural” finaliza.